Recordamos a reportagem feita sobre o GDC Cristina em Outubro de 2007...
Cristina é o nome de um clube de futebol invulgar. Ao contrário da maior partes dos clubes de futebol popular que pertencem a associações desportivas e culturais, o Grupo Desportivo e Cultural Cristina nasceu num café chamado, nem mais nem menos, Cristina, embora por questões legais tenham sido obrigados a se identificarem como um grupo cultural. O Café Cristina está localizado na freguesia de Arcozelo em Barcelos. Tal como o café, a equipa do Cristina é gerida pela família Miranda. Aliás, este clube está prestes a comemorar dez anos de existência, dia 18 de Janeiro, data que coincide com o aniversário do presidente do clube, o patriarca Sr. Miranda.
O resto da família desempenha funções dentro do clube. Gonçalo, filho do presidente, é o massagista e desde os 12 anos, ou seja, desde a fundação do clube, anda “de spray na mão” a acudir aos lesionados do plantel. A irmã de Gonçalo trata dos equipamentos e o seu marido João além de guarda-redes da equipa é também dirigente. No último jogo acumulou ainda as funções de treinador em função do castigo de cinco jogos aplicado ao treinador principal.O treinador Ramos é o único (exceptuando os jogadores) do clã Cristina que não faz parte da família Miranda. Entrou para o clube na época passada e conseguiu que este subisse para a 1ª divisão do campeonato de futebol popular da Associação de Futebol Popular de Barcelos.
No último jogo, o Cristina defrontou a equipa da freguesia de Tamel Stª Leocádia , o G.D.R. Leocadenses. A equipa encontrava-se desfalcada, além de Ramos, mais três jogadores cumpriam castigo e outros tantos encontravam-se lesionados. Mas no entanto, Ramos confia na sua equipa: “Se tivéssemos mais opções estaríamos mais fortes. Mas também não vamos estar a lamentar-nos por isso. Temos que jogar com o que temos e confio plenamente nos jogadores que vão estar em campo”.
À entrada para este jogo o Cristina ocupava o 10º lugar da tabela classificativa, com dois empates e uma derrota e em igualdade pontual com o seu adversário, “Os Leocadenses”. Envergando o seu habitual equipamento cor-de-rosa (algo invulgar neste tipo de campeonatos), a equipa do Cristina entrou nervosa e acabou por sofrer um golo logo aos 10 minutos de jogo. O Cristina reagiu e atirou uma bola ao poste do adversário que no contra-ataque aproveitaram para fazer o 2-0, vantagem que foi alargada para 3-0 ainda no decorrer da primeira parte.
No início da 2ª parte, o Cristina teve uma oportunidade para diminuir a desvantagem. O árbitro assinalou uma grande penalidade na área dos Leocadenses, mas o guarda-redes defendeu e nem na recarga os jogadores do Cristina conseguiram empurrar a bola para o fundo da baliza. A partir deste lance, os adeptos Leocadenses mostraram o seu descontentamento com a arbitragem. Num lance na área do Cristina em que aparentemente houve uma mão do defesa, o árbitro assinalou grande penalidade, porém o fiscal de linha chamou o árbitro à atenção, acabando por ser assinalado pontapé de canto. Esta decisão caiu mal aos adeptos de Stº Leocádia que fizeram ouvir, e bem alto, os seus protestos e impropérios contra a arbitragem. Mas a história do joga já estava feita e até ao final da partida não houve qualquer alteração no marcador.
João, o treinador em campo, aponta falhas da própria equipa para a derrota da equipa: “Cometemos muitos erros na primeira parte e quem comete erros paga-os”. João fala ainda da sua primeira experiência como treinador referindo que “não há diferença”, já que normalmente está no banco. No entanto admite ser mais “stressante” por ter que “estar sempre a chamar a atenção aos jogadores”.
O capitão da equipa, Zé Paula, prefere pensar já no próximo jogo: “Tentamos lutar ao máximo para dignificar o clube (…), mas agora é levantar a cabeça e pensar no próximo jogo”.
Com esta derrota, a equipa do Cristina desce para a 13ª posição, mas no seio do grupo permanece um ambiente alegre, bem-disposto, mas acima de tudo uma amizade que une todas as pessoas envolvidas, pois este clube familiar é a segunda família de todos.
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